Cadu de Castro
Aldeia indígena do Rio Silveiuras
IHá quase oito anos iniciei um trabalho junto à comunidade indígena do Rio Silveiras, que tem como principais objetivos a difusão e valorização da história e cultura Guarani, bem como a geração de renda para os membros da comunidade.
Este período de convivência foi e, ainda hoje é, de um grande aprendizado para mim. Aprendi sobre a forma como os guaranis veem o mundo. Aprendi sobre igualdade, respeito e fraternidade. Aprendi que temos muito a aprender com eles, principalmente sobre relações humanas e espiritualidade.
Nestes oito anos, vi bebês nascerem, crianças se transformarem em adolescentes e adolexcentes se tornarem adultos. Recebi e recebo deles muito carinho e respeito, portanto, tenho por eles um amor fraternal e um respeito incomensurável. Sempre me pedem para fotografá-los, o que faço com imenso prazer e posto aqui algumas destas imagens feitas nos últimos oito anos na aldeia.
O cotidiano guarani é permeado por suas crenças religiosas. Ao reunirem-se no Opy Guaxu (Casa de Oração), além dos rituais conduzidos pelo ñanderuí (líder religiosos), há manifestações de cânticos, cuja a temática enfoca Deus e a natureza.
A menina está sendo pintada por sua mãe, com tinta à base de urucum, para participar dos cânticos e danças.
O pequeno Tupã (trovão) olha expressivamente para a lente ao ser fotografado.
Menina esboça um sorriso contido ao olhar para a lente.
A mesma menina mudando sua expressão frente a lente da câmera.
Na aldeia a alimentação se baseia na carne de caça, pesca e em vegetais como o milho, batata doce, cará, palmito e mandioca, bem como o mel, que é colhido na floresta. O tempo de colheita se estende de novembro a janeiro e antes de serem consumidos os alimentos têm de ser abençoados pelo ñanderuí (líder religioso) Esta fotografia foi feita quando fiquei na aldeia por um dia inteiro e compartilhei do alimento com eles.
Estes são os pequenos xondaros (guerreiros).
A expressão sempre sisuda de Bruno.
A prática da dança do Xondaro é de grande relevância para o povo guarani. É o treinamento do guerreiro. O mestre do Xondaro lança desafios físicos aos guerreiros que têm de escapar. Exige um grande preparo e destreza dos praticantes.
Crianças guaranis brincando na aldeia. Sempre me chamou a atenção o fato de brincarem sem brigas ou discussões. Convivem sempre em harmonia e é raro ouvir o choro de uma criança.
Grande amigo e filho do ñanderuí (líder religioso), Tupã Mirim é professor na escola da aldeia.
Capiá é uma espécie de gramínea, que é cultivada na aldeia. A semente é usada para se produzir adorno de roupas, colares e instrumentos musicais. A semente é conhecida também como rosário, lágrima de Cristo ou lágrima de N. Senhora.
A harmonia entre os seres vivos é natural na aldeia. Esta imagem é bastante emblemática, até cão e gato convivem em paz.
O petynguá (cachimbo) é um elemento importante dentro dos costumes guaranis. Compartilhados em rodas de conversa ou usado nos rituais pelo ñanderuí, é parte do cotidiano da comunidade. Há evidências arqueológicas de que o petynguá é utilizado pelos guaranis há mais de mil anos.
Este é o líder espiritual Raio de Sol. Amado e respeitado por todos na aldeia, é um homem de grande sabedoria, que muito me ensina.
Também conhecido como porco espinho, este foi encontrado por Tupã Mirim ainda filhote e criado por eles na aldeia.
Encontrado na mata quando filhote, também foi criado pela comunidade na aldeia.